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“Eu quero ser ouvida, quero contribuir. Não quero ser mais um número que segue o ritual de bater ponto. Eu quero fazer a diferença. ”- Flávia

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“Quando você nasce negro, você já sabe que a sua luta vai ser maior que a dos outros”. É dessa forma que começamos a conversa com a Flávia, especialista de Recursos Humanos da Olga Ri. Preconceito, racismo, assédio e relacionamento abusivo fazem parte da história dela que é mulher, mãe, negra e muito mais.

Flávia ingressou no mercado de trabalho com 17 anos e sempre estudou com o público, desde animar crianças e jovens no playcenter, até dar dicas do mundo do cinema na blockbuster. “Sempre tiva muita habilidade com gente! Por toda a vida, essa foi uma marca minha ”.

O início do mundo profissional não foi fácil. Aos 16 anos, Flávia se recorda que foi a uma entrevista de emprego vestida com uma camisa e uma saia sociais, “lembro que um cara olhou para mim e disse ‘nossa, como você vem para uma entrevista com essa roupa?’ Aquilo me desconcertou. Eu não tinha estrutura pra rebater aquele comentário ”. Nascer mulher e negra te obriga a criar uma resistência psicológica para do normal.

Deixa sempre um pouco de si nos lugares em que passa e carrega parte por deles onde vai. Um de seus aprendizados é uma prioridade de nunca deixar o cliente sair insatisfeito ou sem ter o problema resolvido, “trouxe isso para uma área de recursos humanos, acredito que o colaborador tem que ser feliz no seu ambiente de trabalho”.

Sobre o racismo, Flávia destaca que muitos têm um olhar que discrimina “tal pessoa não pode frequentar aquele lugar” e mostra como faz para lutar contra isso diariamente, “eu nunca deixei isso me abater, nunca deixei que isso me colocasse para baixo. Às vezes eu me sinto desconfortável, mas não podia deixar aquilo me dominar ”. É preciso e força para encarar a sociedade em que vivemos: “eu cansei de ver e ouvir que se você é negro, não pode alcançar certos cargos sociais, como CEO. Tive que levantar a cabeça e seguir em frente porque senão não chegaria em lugar nenhum ”.

Para Flávia, a ferramenta mais efetiva para o fim do racismo é dar espaço e oportunidades, “quando você é uma pessoa negra, muitas oportunidades lhe serão negadas. Você pode ser reprovado em processo seletivo por causa da cor da sua pele. Isso é inaceitável. ”

Parafraseia Edu Lira, de quem é fã: “acredito que todo mundo tem que ter oportunidades, os negros estão batalhando por um lugar. Temos que romper os muros entre a favela e as grandes empresas. ”

E foi assim que ela se encontrou na Olga Ri, “quando fiz uma entrevista, o Bruno, CEO, disse que queria as pessoas que receberam os ‘nãos’ aí fora, as pessoas que receberam a porta na cara. Descobri que aqui as pessoas têm oportunidade. ”

Para Flávia, a Olga Ri é ‘ohana’ – família em havaiano: “fui muito bem aceita, entendo que estou tendo uma oportunidade incrível na minha vida. Agradeço todos os dias, venho trabalhar feliz e vou embora feliz. ”

Flávia encontrou força e propósito no Budismo. É alegria e energia boa por onde passa e nos ensina um legado muito importante, “é preciso ter coragem para encarar tudo de forma positiva, sem deixar de lutar pelo espaço e voz”. Ainda não somos iguais mas temos que lutar para nos tornarmos quem quisermos ser: “não existe cargo de branco e cargo de negro”. Flávia finaliza a entrevista nos mostrando que, com tanta coisa acontecendo no mundo, é preciso ter coragem, “tive que aprender a me levantar sozinha. Me acho meio anormal às vezes, tenho muita energia, gosto de me sentir viva. Temos que valorizar a vida ”.